Meus queridos leitores,hoje escrevo para aliviar minha angustia pois uma vez que não os conheço não me sinto tão envergonhada.
Esta noite cheguei em casa calada, sufocada pela culpa,o silêncio dos que comigo moram berrava aos meus ouvidos e os olhares de reprovação me esbofetearam a face.Diante disso só o que me vinha em mente era a vontade de sair caminhando pelas ruas frias de Brasília e nunca mais olhar para trás...De seguir com minha própria sorte. Mas a minha razão me abraçou amorosamente, pedindo-me para ter paciência. Obedeci.
Meu refúgio se deu embaixo de uma ducha fria, em um banheiro escuro e para ter certeza de que era só eu e meu corpo,fechei os olhos. Lavei o rosto com sabonete na esperança de resgatar as minhas expressões felizes,lavei meus cabelos com shampoo anti-resíduo na expectativa de mandar embora todos os resquícios de um mau dia. Limpei a minha pele para arrancar de mim a sensação de solidão, porém o q eu queria mesmo era poder limpar a minha mente de tudo o que me acusava de incompetente, gostaria de lavar o meu pobre coração de tudo o que me magoa e, principalmente, esfregar a minha alma e espírito para desfazer todas as manchas que causai com meus erros e más escolhas.
Depois de todas as minhas tentativas, me frustrei ao lembrar que não poderia ficar embaixo da água fria para sempre,mas resolvi ficar mais alguns minutos, não sei o quanto ao certo, espero que o ecossistema me perdoe por mandar tanta água potável para o esgoto, coisa que em outro momento me causaria total aversão, mas não pude deixar de sentir inveja daquela água derramada pois eu mesma queria descer pelo ralo e simplesmente sumir no solo seco em algum lugar dessa terra. Infelizmente não foi possível.
Abri os olhos e a realidade ainda estava lá arrastando as longas abas de seu vestido negro, olhando nos fundos dos meus olhos e me chamando com a mão esquerda, eu fui, tive que ir. Coloquei uma roupa e me sentei para escrever este texto, que havia formulado ainda no meu ritual de purificação, a dona Realidade está aqui, se preparando para dormir ao meu lado, talvez ela se costure em mim durante a noite ou apenas a minha boca para que os outros não me ouçam mais, mas sinceramente espero acordar amanhã com ela apenas vestida de amarelo, para que eu sinta a possibilidade de haver esperança de um dia melhor, para que eu possa respirar sem medo de estar sendo observada, sem ter horário marcado para ir e vir.
Quinta, 19 de Setembro de 2013
Noite fria de Brasília
21:40 hrs
