sexta-feira, 21 de março de 2014

Talvez...

                                             
           
                  Passeando por algumas obras de arte,paro e as observo...Elas falam, contam quem são seus pais, o fazem de suas vidas e como nasceram. Me encantei por certos senhores como Bruno Miguel, um pintor que retrata, dentre outras coisas, a história do Brasil com uma maneira que realmente nos remete a enxergar o que é o Brasil verdadeiramente, como quem dissesse: "Ei, esqueça um pouquinho dos meus irmãos mais velhos e pergunta quem eu sou!
               -O que eu sou, sem as sombras que escondem o meu Sol, sem as palavras ditas por outros que não eu."
        O modo de expressar tais questões me trouxe lembranças de quantas vezes ouvi perguntas dessa natureza...Quem é você?...O que é você?...De onde vem?...Pra onde vais?...O que significa teu nome?.
       E a resposta vinha e não vinha, como uma criança que brinca de se esconder do pai que chega á noite após um bom dia de trabalho e deseja matar a saudade da família...
       Uma resposta que permeava entre várias outras. Histórias e estórias, gerações inteiras, o passado do povo brasileiro, a vida árdua de uma mãe que vinha de família pobre e do ventre de uma senhora negra que cedeu se corpo aos desejos de um senhor branco.Sem pai,pois sem o conhecer se considera " produção independente",conheceu muitas famílias que fizeram com que seus pensamentos e seus princípios se transformassem a cada dia, muitas ideologias a cada minuto...Mas e o que sou?!
        Nesse exato momento em que escrevo esse texto, penso que sou escritora, dentro de mim há uma aluna, um projeto de mulher, uma sonhadora, alguém que procura uma identidade.Para onde vou...Sinceramente meus caros? Não sei.
        Não que eu tenha que ter uma história só minha, mas eu gostaria de mescla-la ao tom da minha pele.Tantas lembranças, momentos vividos que não podem ser nomeados- talvez isso explique a dificuldade de se chegar ao fim do labirinto... Talvez Rodrigo Freitas, um pintor daquela exposição, tivesse razão ao produzir imagens sem nome.Por que os nomes...Ah, os nomes! Trazem muitas perguntas e combinações de características. Se um nome me é dito e eu não conheça o proprietário logo começo a fazer indagações, mas se vem acompanhado de seu dono,pode ter certeza que cada detalhe me dirá : Quem é?
      Depois de tanto pensar cheguei a conclusão de que talvez nascemos para nos montar, parte por parte face ao mundo e colocar cada ponto de tecido em seu próprio isopor como fez Aline Ogliari, uma artista, ao retratar Vinícios de Morais com tecido em isopor de maneira tão perfeita.