sexta-feira, 23 de setembro de 2016

                                                  Caixinha Secreta
                                                        


                                                       
  Dora era uma linda garotinha de cinco anos, cachinhos e pele morena que vivia no bairro das Cajazeiras, uma menina adorável que fazia amizades com toda a facilidade por onde passava.
Certo dia, quando voltava da escola, Dora percebeu uma movimentação diferente na pacata Rua do Caju, onde morava com sua família. Um caminhão bem grande estacionado na casa em frente a sua, com muita dificuldade a menina conseguiu ler: Caminhão de mudanças! Era uma grande novidade, pois a casa passara vários anos sem moradores. A pequena Dora ficou eufórica só em imaginar que poderia haver alguma criança.
No dia seguinte veio a grande surpresa: Daniel, o novo aluno da Escola do Bairro, era o seu novo vizinho e colega de classe. Dora não se conteve e logo se apresentou.
- Oi, meu nome é Dora Alice Costa Brandão, moro na casa em frente a sua! – O menino ficou estupefato com o entusiasmo e euforia da menina, não sabia bem o que dizer.
- Oi... Dora Alice...
- Me chame de Dora, vou lhe chamar de Dan, posso?
- Hanrram...
A garota não parou de tagarelar  tudo o que Daniel precisava saber sobre a escola, o bairro, os amiguinhos de classe. Assim se deu o início de uma grande e bela amizade. Dora sentiu por Daniel uma empatia que nunca houvera sentido antes, definitivamente ele era um menino especial.
Daniel tinha cinco anos e meio, deixara bem claro que era o mais velho, pois era um tanto autoritário, um traço de sua personalidade. Tinha expressivos olhos verdes, um corpinho alto e magricelo. O sorriso era a parte mais encantadora e a imaginação só não perdia para a da nova amiga.
Os dias se passaram e logo os pequenos se tornaram inseparáveis como nariz e meleca, assim dizia Dora entre gargalhadas altas e açucaradas, ela amava o amigo e agradecia ao Papai do Céu todas as noites pelo melhor amigo do mundo.
Não demorou muito para Dora mostrar todos os esconderijos secretos de seu quintal, onde comia doces escondida da mãe e para Daniel mostrar-lhe sua brincadeira favorita: observar as estrelas pelo binóculo magico da janela de seu quarto.
Tudo estava fluindo muito bem até que um belo dia Daniel disse que tinha um segredo muito importante para contar, mas que a amiga não podia contar para ninguém e nem fazer também.
- Conte-me Dan, conte, por favor! Ah Dan conte, conte, conte! – O menino hesitou, foi até a porta de seu quarto, pôs a cabecinha para fora se certificando de que a mãe não estava por perto, e fechou-a.
-Você tem que prometer que não fará também e nem dirá a ninguém!
-Eu prometo! Prometo de dedinho! – A menina encostou o dedo mindinho no do garoto; esta era a forma de promessa mais segura entre as crianças daquela idade.
- Então feche os olhos. - Dora os fechou ansiosamente.
Daniel afastou-se para pegar uma pequena caixinha em baixo da cama.
-Pode abrir.
-O que tem nessa caixa Dan?
- Eh... Eu...
-Desembucha logo! – Dora deu um sorriso encorajador.
-Eu peguei... Um pouco de massinha... Da nossa sala...
No mesmo instante Dora se sentiu paralisada, zunia em sua cabecinha a voz da professora.
-É deselegante levar a massinha da escola Dan! Isso significa que é proibido, não pode!
Dora ficara muito brava e decepcionada com a atitude do amigo. Foi para casa naquela tarde de semblante caído, triste. A partir daquele dia passara a observar melhor o amigo na sala de aula e percebera todas as vezes que Daniel pegava um pedaço da massinha comunitária e colocava no bolso do uniforme, ninguém mais notara. Dora jamais faria tal coisa, entretanto gostava muito do amigo para entregá-lo. Resolvera guardar o segredo numa gavetinha no fundo de sua mente.
Continuaram a amizade sem mais tocar no assunto, entre brincadeiras e diversões.
Um dia, porém, enquanto brincavam de marinheiros no quarto de Daniel, o menino procurou a caixinha que dizia haver deixado encima da mesa onde estudava e lá não estava. De repente Dora vira o menino se transformar: gritava com ela, a acusava de ter escondido sua massinha ou jogado fora.
- Você não pode roubar as minhas coisas, sua intrometida! Eu sabia que não podia ter contado para você, eu odeio você! Onde está a minha caixinha, me devolva!
Dora segurou as lágrimas na garganta e gritou.
-Eu não sou ladrona Daniel, você que é, pegou massinha proibida da escola, não peguei nada seu! Vou falar tudo para sua mãe. –A menina saiu correndo e se sentou no ultimo degrau da escada, em frente a porta da saída. Ali chorou sua frustração: o amigo tão amado não acreditava e nem confiava nela. Como poderia ser?! Logo ela que não tinha dito nada para a professora, nem para sua mãe! Dora ergueu a cabeça e engoliu o choro e mesmo com as palavras “eu odeio você” ecoando em sua mente, disse com firmeza:
- Eu não mexo nas coisas alheias Daniel e por isso vou ajudar você a procurar, quando eu achar vou embora, de verdade.- Os dois procuram por longos minutos, até mesmo no lixo. Foi Dora quem encontrou a caixinha caída em baixo da cama de Daniel. Lá estava o seu triunfo, havia provado que dissera a verdade.
Dora saiu do quarto sem dizer nenhuma palavra, mas tinha uma grande certeza em seu coração, o amor que tinha por Dan não havia acabado, apesar da cena horrível que presenciara , entretanto sabia que enquanto houvesse aquele pote de massinhas, o amor dele nunca seria completamente dela.


 Obs: Trata-se de um desabafo de alguém que se apaixonou por um dependente químico e que após perceber que nenhuma forma de amor seria suficiente para competir com um vício,desiste de lutar apesar do sentimento.
A história é basicamente como se deu o romance, perfeito até o momento em que "Dan" conta para "Dora" que é usuário de maconha /"MASSINHA", partindo deste ponto a namorada decide "conviver" com este mal por amor, mesmo sendo terminantemente contra o uso de drogas, seja lá quais fossem, assim o namoro segue "normalmente" até o dia em que Dan se transtorna quando percebe ter perdido seu "pacote precioso" e acusa a namorada de tê-lo jogado fora por saber que esta era contra o uso por parte do namorado. Neste instante Dora sente uma tristeza e angústia profunda que a faz desistir de vez de um romance com este tipo de perigo, mesmo sabendo do amor de Dan, não pode competir com as drogas. 

Drogas maltratam e matam, não use.

                                                                                                                              







sexta-feira, 6 de junho de 2014

A História da família Mixtar.

"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia..."






           Naquela noite fazia-se um grande temporal.O telhado da casa parecia que se partiria em pedaços como os pingos da chuva lá fora.Nada comum, mesmo para uma cidade onde quase nunca havia o calor do sol.
           Liezel Mixtar completava naquele dia os tão sonhados dezoito anos mas que não haviam sido comemorados porque as economias da família estavam empenhadas no casamento de Merline, sua irmã mais velha.
           O jantar já havia terminado e a senhora Mixtar colocava os pequenos gêmeos Marco e Quiara para dormir enquanto Liezel acendia a lareira na sala principal para aquecer o pai e os outros três irmãos que passariam os últimos quinze dias daquele Março, com suas esposas e marido, todos nos preparativos do casório.Liezel, mesmo sendo a mais nova dentre os cinco irmãos, não conseguira a atenção, a admiração ou o carinho que gostaria de ter por parte de seus pais.
           Se sentia por todos abandonada, não compreendia os motivos pelos quais a família a desprezava então decidira ir embora.
          Cuidaria de sua vida por conta própria e nunca mais voltaria e nem olharia para trás.
Enquanto todos conversavam entretidos em volta da lareira, a menina foi para o quarto começar os preparativos para a grande fuga.Levaria somente o imprescindível: o cofre, a mochila e e suas meias da sorte.
          Quando as luzes da casa se apagaram, Liezel levantara da cama, onde pusera em seu lugar dois travesseiros para enganar a mãe, caso esta lhe fizesse a conhecida "visita noturna ", um ritual que a senhora Mixtar sempre fazia nos quartos dos  filhos antes de dormir.Depois de checar todos os seus utensílios novamente, pôs-se a descer as escadas em passos de plumas até a saída dos fundos, sem perceber que Smil, o gato de estimação a observava desconfiado.
         Quando Liezel achou o trinco da porta, quase sem enxergar naquela penumbra, e ia girando a chave para finalmente sair, o danado do gato soltou um alto miado que a assustou tanto que fez com que as chaves escorregassem de suas mãos trêmulas e caíssem no chão com tamanho estardalhaço. Com o coração martelando no peito a menina ficou esperando a reação de alguém que despertasse com tal barulho, mas nada aconteceu.Ninguém acordou.
          Liezel aproveitou a sorte e continuou, abriu a porta e saiu apressadamente para a rua, caminhando depressa no silêncio e na escuridão da madrugada. A estação da rodoviária ficava ali próximo.Ao chegar, Liezel embarcou no primeiro ônibus interestadual que vira se aproximar, nem se preocupou em saber o percurso, apenas entrou, sentou e chorou até adormecer.
           Sua consciência lhe levava a um lugar diferente...Estava sentada em frente ao mar, só a paz, as gaivotas e o vento com cheiro de sal ...
         - Passe a mochila!
            Um susto.
            Era um assalto.
            Levaram tudo.
            Agora Liezel estava só, sem documentos e sem dinheiro. Não sabia para onde ir, não sabia se voltaria para seus pais, que a essa hora ainda nem deram pela sua falta, pensava.
            Não queria voltar.
            Seguiria em frente, daria um jeito, mas não seria humilhada por voltar frustrada e roubada.
            Desceu na rodoviária, sentou no banco e pôs-se a pensar. O que faria em meio àquela multidão? 
           Abaixou a cabeça e chorou desesperadamente.
           Uma pessoa tocou em seu ombro, Liezel se afastou bruscamente do contato estranho e olhou apavorada o dono de tal atrevimento.
Era um rapaz muito simpático que lhe perguntava o que  havia acontecido, porque chorava tanto. Liezel não conseguia responder. Estava nervosa, amedrontada e faminta.
          O homem lhe ofereceu um café e a menina aceitou. Não poderia negar.O homem nada mais perguntou, apenas observava aquele serzinho amedrontado à sua frente. Encantado.
Liezel era uma moça linda, tinha pele morena, olhos cor de mel, espessos cabelos negros e cacheados que  lhe cobriam as costas. 
          Logo que a vira Carlos Ravier D'oliva soubera que era uma moça de família. 
          Liezel jamais enxergara tal beleza em si, muito pelo contrário, sempre vivera se boicotando e não gostava que lhe elogiassem. Sofria com uma dor e problemas que só existiam em sua cabeça : baixa auto estima.
          Depois de devorar seu café da manhã, Liezel criou coragem de contar sua empreitada para aquele estranho que afinal de contas lhe matara a fome. Enquanto falava, observava as feições de Carlos. Tinha olhos bem arredondados que ora eram verdes ora castanhos, não conseguia definir; se vestia como um provinciano mas a conversa era jovial, aparentava ser jovem como ela, cabelos loiros cortados baixo e era um rapaz alto.
         Não o achou lindo como qualquer garota acharia, apenas simpático.
         Carlos ouvira tudo com certo brilho nos olhos, precisava de uma funcionária em sua adega, um pequeno negócio da família e poderia perfeitamente encaixar aquela moça.
Assim que ouviu a proposta Liezel ficou perplexa, não acreditava que a sorte lhe estivesse sendo tão gentil. Aceitara sem pestanejar.
         Carlos prometera que no dia seguinte providenciaria a documentação da jovem, que lhe compraria roupas e lhe cederia o quarto dos fundos na fazenda onde morava com seus pais.
         Liezel não era do tipo de pessoa que acreditava na bondade das outras, não conseguia acreditar tampouco nas circunstâncias que a tinham guiado até aquela "boa alma" , por isso preferiu manter a guarda, não confiava por completo mas se deixou levar.
Assim seguiram os dias, Liezel aprendera a trabalhar com bebidas, mantinha uma boa relação com a família D'Oliva, mas achou por bem manter uma distância respeitável, uma vez que percebera a paixão que Carlos nutria por ela.
        Cinco anos se passaram. Liezel se tornara a melhor funcionária da adega D'oliva e resolvera cursar em uma faculdade para se tornar somelier. Depois que se formou resolveu voltar à sua casa para tentar curar as feriadas que abrira no passado. Se arrependera de ter saído sem conversar com seus pais, precisava voltar e colocar as coisas no lugar outra vez.
        Ao chegar à casa, não havia ninguém, bateu na porta vizinha e perguntou pela família Mixtar. Descobrira que sua mãe falecera, na noite de sua fuga, de ataque cardíaco.
      -A senhora Mixtar fora visitar a filha mais nova naquela noite, para desejar-lhe feliz aniversário e dar-lhe um presente. quando entrou no quarto e procurou-a, encontrou as almofadas na cama no lugar da garota.
Logo soube que o pior viria a acontecer, assim, com o nervosismo e a pressão causados pelo susto ela passou mal, chamaram a ambulância, mas esta demorou muito e a senhora Mixtar não resistira.
       -A polícia desistira das buscas quando encontraram a mochila de Liezel boiando nas águas de um córrego ali perto, deram-na como morta para a  família.-- dizia a vizinha,assídua em contar causos.
     - O casamento de Merline Mixtar havia sido adiado porque ela estava em estado de choque emocional que desencadeara uma depressão profunda decorrente da morte da mãe e da irmã. A casa havia sido vendida e o resto da família tinha viajado para o sul tentando esquecer as marcas do passado.
      Eva, a vizinha, era nova naquela cidade e por isso não conhecia Liezel, apenas estava reproduzindo a história que ouvira falar sobre aquela pobre família.
      Liezel estava arrasada, nunca imaginara que uma atitude sua, mal articulada, pudesse desencadear a desgraça  de sua família. Logo ela que pensara ser a menos amada. 
     Jamais teria coragem de procurar seus outros irmãos ou mesmo seu pai,o que diria para que pudessem perdoá-la? Não havia saída.
      Tudo estava arruinado.Por ela, por culpa dela.
      Dor, remorso e culpa lhe faziam chorar, inconsolavelmente.
      Gostaria que tudo não passasse de um pesadelo do qual ela pudesse despertar e encontrar sua mãe ali,no quarto ao lado com seu pai para que pudesse abraçá-los.
      Não conseguia enxergar as ruas direito, apenas uma névoa de passado misturada ás lágrimas que corriam por sua face. Dirigia em alta velocidade sem se dar conta dos perigos.
      O sinal fechou e ela seguiu.
      Bateu de frente na lateral de um caminhão, no cruzamento.
      O silêncio e a paz inundaram seu ser, caía num imenso mar de nuvens.
      A sala do hospital estava com um clima pesado.Carlos só sabia choramingar e sussurrar preces para que Liezel suportasse ás cirurgias cranianas com sucesso.
       - Te amo minha querida, por favor, não me abandone, prefiro que me leves contigo.
     Segurava a mão da amada e chorava, já quase sem esperanças.
     O doutor havia sido claro quanto aos riscos: tudo ou nada.
      Liezel ouvia de longe um choramingar, abrira os olhos com dificuldade e vira um homem segurando sua mão com olhos marejados.              
     Não o reconhecia.
     Mas aqueles olhos ora verdes, ora castanhos que lhe observavam com tanta preocupação, ela tinha certeza que já havia visto.
      Liezel Mixtar sofrera ferimentos cranianos severos  e por conta disso perdera quase oitenta por cento da memória afetiva.
     Carlos jamais saberia a verdade sobre aquela moça que tanto amava e tampouco Liezel  lembraria seu passado.Uma ironia ou um presente do destino.
                                                                                
                 


                                      

sexta-feira, 21 de março de 2014

Talvez...

                                             
           
                  Passeando por algumas obras de arte,paro e as observo...Elas falam, contam quem são seus pais, o fazem de suas vidas e como nasceram. Me encantei por certos senhores como Bruno Miguel, um pintor que retrata, dentre outras coisas, a história do Brasil com uma maneira que realmente nos remete a enxergar o que é o Brasil verdadeiramente, como quem dissesse: "Ei, esqueça um pouquinho dos meus irmãos mais velhos e pergunta quem eu sou!
               -O que eu sou, sem as sombras que escondem o meu Sol, sem as palavras ditas por outros que não eu."
        O modo de expressar tais questões me trouxe lembranças de quantas vezes ouvi perguntas dessa natureza...Quem é você?...O que é você?...De onde vem?...Pra onde vais?...O que significa teu nome?.
       E a resposta vinha e não vinha, como uma criança que brinca de se esconder do pai que chega á noite após um bom dia de trabalho e deseja matar a saudade da família...
       Uma resposta que permeava entre várias outras. Histórias e estórias, gerações inteiras, o passado do povo brasileiro, a vida árdua de uma mãe que vinha de família pobre e do ventre de uma senhora negra que cedeu se corpo aos desejos de um senhor branco.Sem pai,pois sem o conhecer se considera " produção independente",conheceu muitas famílias que fizeram com que seus pensamentos e seus princípios se transformassem a cada dia, muitas ideologias a cada minuto...Mas e o que sou?!
        Nesse exato momento em que escrevo esse texto, penso que sou escritora, dentro de mim há uma aluna, um projeto de mulher, uma sonhadora, alguém que procura uma identidade.Para onde vou...Sinceramente meus caros? Não sei.
        Não que eu tenha que ter uma história só minha, mas eu gostaria de mescla-la ao tom da minha pele.Tantas lembranças, momentos vividos que não podem ser nomeados- talvez isso explique a dificuldade de se chegar ao fim do labirinto... Talvez Rodrigo Freitas, um pintor daquela exposição, tivesse razão ao produzir imagens sem nome.Por que os nomes...Ah, os nomes! Trazem muitas perguntas e combinações de características. Se um nome me é dito e eu não conheça o proprietário logo começo a fazer indagações, mas se vem acompanhado de seu dono,pode ter certeza que cada detalhe me dirá : Quem é?
      Depois de tanto pensar cheguei a conclusão de que talvez nascemos para nos montar, parte por parte face ao mundo e colocar cada ponto de tecido em seu próprio isopor como fez Aline Ogliari, uma artista, ao retratar Vinícios de Morais com tecido em isopor de maneira tão perfeita.
                                                                                                                                                               
               

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

- Vida, vamos dançar?


Que coisa engraçada esse casal : Vida e Destino. Quantas pessoas vem, vão, ficam, passa...E eles nunca se separam. Se sou o que sou, devo a esses pombinhos apenas agradecimentos. Cada dia um momento,em cada milésimo de segundo, uma mudança e a cada hora uma nova emoção. A vida é uma moça muito seletiva, só escolhe para si o melhor....Sendo assim,a inveja, a avareza, o que é opróbrio,nunca farão parte de seu ciclo de amizades,mesmo porque no 'jogo das cadeiras' não há lugar para todo mundo. A minha vida também é assim.Elimino os que me sufocam e tentam prender o meu 'fuá'. Eu quero é gritar pro mundo as minhas próprias palavras,quero sambar...Ou quem sabe...Frevar.Eu quero buscar a dita felicidade e colocá-la num lugar seguro...Por isso, me deixe, eu quero dançar somente com a minha vida. Que venha o amor,a paz, a lealdade dos bons amigos -que são pouquíssimos.Pode vir Alegria,na minha roda de samba tu és a mais bela.Sorrisos, Abraços infectados de calor, Cor e Verdades, venham correndo pois na minha 'Penélope charmosa'não tem álcool 70%...Afinal nosso umbigo já caiu a muito tempo! Eu estou dançando com a vida de rosto colado...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

La Rage

     
       Países entraram em guerra por conta da raiva. Um ódio desmedido que girava em torno de poder. Ao longo de muitos anos as mortes causadas por tais conflitos hoje são relembradas entranhadas a um falso discurso por parte das grandes potências, que pregam a paz, a igualdade entre os povos...Tudo mentira,tal como a associação da imagem de Hitler á paz.
       As nações mantêm ainda suas posições de poder.A pirâmide social ficou com a base cada vez mais sustentada, espaçada,um sinal de que nem sempre os números são sinal de fartura. Entretanto o que realmente deixa a situação  deplorável é o espírito de falso moralismo que se espalha dentre todas as pessoas, independentemente de seu status social.
        Nenhum homem dirá alto o bastante que uma mulher pode ser ótima na direção de qualquer espécie de veículo sem ao menos mencionar em seu íntimo a possibilidade da dúvida, muito embora se faça campanhas a favor  da inclusão da mulher nos serviços da sociedade,pura hipocrisia.Quantas vezes  fui surpreendida por pessoas falando mal da direção do governo brasileiro apenas porque o presidente é uma mulher, ou melhor ,a presidenta (termo que causou polemica por quê existe preconceito mesmo dentro da gramática).
      O que dizer da diferença étnica...Nos estabelecimentos de ensino no Brasil se defende a inclusão dos caracteres excêntricos que formam uma dita miscigenação brasileira... O mesmo professor que diz que o branco não deve menosprezar o negro e vice versa, tem uma filha que não pode se unir matrimonialmente a um ser que se defira visivelmente de suas características.O dinheiro se instalou na vida, no pensamento, na oposição, nos objetivos...não há como manter um outro sistema, não há como lutar contra o gigante.
     Nas manifestações ditas "pacíficas", existe a raiva, a agressão verbal de quem diz que é contra a violência.Nenhum político entrega um cargo com a mesma "honestidade" com que o recebeu...Os bons tem a tendência de se tornarem  maus.
     Manifestantes também invadem o Congresso com as mesmas intenções dos policiais que o defendem- usar a força para lutar.A raiva faz com que pessoas se mantenham deliberadamente; que mães de família, equilibradas, tirem seus cintos de segurança na intenção clara de lutar  por seu direito ao acesso em avenidas estreitas de maior fluxo, mas que para isso recorram á raiva, á violência, tudo por causa de um pensamento massificado do que é "certo" ou "errado". A troco de quê?
      Casamentos se desfazem nos momentos de fúria, pois palavras são mal colocadas...Pais matam filhos por erros banais... O planeta está se afogando...
      Li um livro que poderia trazer a solução para tais problemas de má conduta, um livro que propunha a aniquilação da espécie humana,uma invasão de seres puros que poderiam possuir os corpos dos homens para obrigá-los a serem bons e verdadeiramente pacíficos, logo, deixariam de existir...Uma sociedade nova se ergueria, onde não haveria moeda como capital de troca...Todas as coisas seriam compartilhadas igualmente entre todos.Não haveria doença, nem dor, nem mortes.Apenas o silêncio e a paz em absoluto... A Hospedeira.
     Palavras bonitas para quem não sabe o quanto o homem sabe ser resistente.Sua perspicácia não permite submissões.Uma raça supera a outra.No entanto, o homem sabe amar,sabe agir segundo a sua razão, uma dualidade que não coopera para o bom funcionamento da sociedade.
    Quem pensa demais no amor não o pode viver e conhecer profundamente pois o amor idealizado é o amor frustrado das imperfeições do modo de amar alheio,o que provoca ainda mais um sentimento de todos conhecido como raiva.
    Na ficção o método da remoção dos seres humanos não funcionou porque estes eram resistentes e souberam burlar o sistema, logo, na vida real também não funcionaria pois o homem  é um ser indomesticável.
    Mesmo repensando todas as possibilidades,a verdade é que o coração do homem é uma terra por onde ninguém anda. Não há pureza, há influencias.Não existe paz, existem acordos de contentamento.Não existe manifestação e sim luta por poder.Não existem certezas mas sim possibilidades.Os sentimentos felizes existem,resta por em questão se são ou não cultivados.





   

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Thaynara...



Thaynara
Doce e amada
Tu eras tímida e isso me despertou para ti
Mas eu fugi
Fui-me sem avisar
Em uma selva de pedras me refugiei
e tu, na ilha do amor deixei
Mas, olha...Em outra sala te vi
Em outra face tu estavas
Não...
Estavas apenas nos lábios 
Nos gestos da boca de outrem
Foram apenas dois minutos
Num despertar
Procurei por teus olhos
Olhos doces de menina
Não encontrei
Te perdi
Amiga

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

18



É incrível como a vida passa e o tempo nos transforma a cada minuto, seja em nossas células aos poucos envelhecidas,seja por nossas lembranças de infância ,pela quantia numérica que indica o quanto já vivemos.Hoje tenho 18.
     A infância não sorrio pra mim um sorriso de alegria mas sim um riso contido que demostrava o quanto audaciosa ela seria comigo, uma menina levada que derramou muitas lágrimas minhas. Vi e ouvi muito,coisas agradáveis e outras nem tão convidativas assim.Fui criada por muitas regras de muitas pessoas,não tive pai e nem uma mãe das mais carinhosas, não a culpo por isso, a vida também não foi boazinha com ela. Contudo aprendi a conviver comigo, a contar-me segredos a conversar-me. Os outros não entendiam o motivo do meu silêncio, perguntavam-me "Por quê tu ficas sempre calada a observar, não interages e nem palpitas?"...Minha resposta era para os mais inteligentes  porquê nem todos conhecem o riso da ironia.
       A minha mãe sempre conheceu o meu cinismo, devo admitir meus caros leitores que fui uma adolescente um tanto rebelde, não por causar arruaças mas por saber usar as minha armas com as pessoas certas: o silêncio e a perspicácia.
    O signo que carrego engana a muitos, uma vez que ele remete a pessoas mansas,eis portanto um alerta, eu sou calma e observadora, mas não sou domesticável, não tente se impor a mim e nem me por cabrestos,  será a sua cova se me quiseres por perto.Mas não se assuste, sou doce se tu fores doce, alguns afirmam que sou tímida, porém penso que confundem timidez com conveniência. Sou calculista e não admito erros.    Todas essas coisas não me deixam livre de defeitos, os tenho, mas a cada dia tento driblá-los, camuflá-los, exceto o tempo que insiste em não contribuir para o meu bem estar psicológico e boa inserção na dita, enganosamente, sociedade. É, confesso, não sou a pessoa mais pontual do mundo,mais repito um mantra pessoal todos os dias " amanhã chegarei cedo nos meus compromissos". Espero que um dia isso funcione, mas a questão aqui não é pontuar meus defeitos e virtudes.
     Sempre estive um ano a frente do meu tempo com todas as bagagens que a vida me fez carregar, aos dez anos eu era adulta psicologicamente falando,mas uma coisa faltava para que eu me apropriasse dos meus pensamentos e das minhas palavras, alguma coisa que as legitimasse, para os que me conhecem está aqui a resposta para o principal questionamento a meu respeito,18 anos seria o que faltava. A idade da legalidade, o que eu fizer será de minha completa responsabilidade, o que eu acho uma bobagem levando-se em consideração que eu sempre pensei muito bem antes de ultrapassar a linha da insanidade por tanto estou antes dela até agora, não sei por quanto tempo vou continuar. 
     Um aspecto que considero bom de ter vivido por todos esses anos e de ter lido todas as minhas leituras (que foram muitas) é que eu aprendi a pensar e por conta disso, tenho uma imaginação espetacular, então cuidado com qualquer citação que fizeres independente do contexto se eu for o seu interlocutor.Obrigada pessoas,pela atenção e até mais.